#111 – Imaginar: Sonhar o Livro, Testar Limites, Encontrar Energia, Negociar Desejos
#111 – Nas aulas de psicanálise da faculdade de psicologia que cursei, havia uma máxima que os colegas costumavam achar muito misteriosa. Levava anos para que viéssemos de fato a compreendê-la. Era mais ou menos assim: para se relacionar com algo, o bebê precisa primeiro aluciná-lo.
Sem linguagem, sem palavras, a realidade está mais para o informe que para a forma. A realidade seria uma torrente – ou várias – de estímulos sem origem, tempo ou lugar, se não chegássemos a construir a permanência das coisas dentro de nós. Há uma sabedoria do bebê de não presumir o que brota de dentro e o que chega de fora, do que faz parte de si, e do que não. As próprias fronteiras do eu são algo que foi criado, desenvolvido com o tempo.
Se os filhos são nomeados, imaginados, desejados antes de nascer, não seria de se estranhar que os livros que escrevemos possam e devam passar pelo mesmo processo de simbolização.
Para que o livro venha a existir, é preciso primeiro sonhá-lo – uma assertiva que borra os contornos da realidade, mas que não é menos verdadeira do que uma gestação.
No novo episódio de Prelo, converso sobre a importância de inventar o livro antes que ele exista. Falaremos também sobre experimentar como modo de testar os limites da prosa, da ruptura da homeostase que toda mudança benéfica produz, e de como encontrar a energia e a disposição para as coisas mais importantes da vida.
Neste episódio, faço referência ao livro Mastery, de George Leonard. Clique aqui para saber mais sobre o livro.
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